As Malpighiales são um grupo monofilético sustentado por dados moleculares e engloba cerca de 16.000 espécies. No leste setentrional brasileiro ainda há poucos estudos taxonômicos com a ordem, apesar dos representantes constituírem elementos importantes em florestas costeiras, cerrados, campos rupestres e no semi-árido. Visando suprimir lacunas no conhecimento do grupo, esta proposta apresenta 17 subprojetos e tem como objetivo geral, dar continuidade ao processo de capacitação de taxonomistas em plantas vasculares, por meio da formação, aperfeiçoamento e estímulo a alunos de graduação e pós, a partir de pesquisas taxonômicas e florísticas.

Malpighiales são um dos mais surpreendentes clados revelados por estudos moleculares nas Angiospermas nos últimos anos. No Brasil, as Malpighiales são altamente diversificadas, com elevada amplitude ecológica e enorme variabilidade morfológica, além de ser representada por espécies com expressivo valor econômico. A proposta aqui apresentada objetiva ampliar o conhecimento biogeográfico, florístico e sistemático em linhagens de Malpighiales com expressiva riqueza no Brasil. A partir do andamento de revisões taxonômicas associadas a filogenias moleculares e morfológicas (i.e. Amorimia, Byrsonima e Heteropterys) e de um estudo acerca da evolução do lenho em linhagens lianescentes em Malpighiaceae, esperamos contribuir na reconstrução da história evolutiva das Malpighiaceae. Paralelamente, o projeto contribuirá na realização de estudos florísticos e taxonômicos em diferentes famílias, integrantes da ordem e que carecem de especialistas no Brasil.

A Universidade Estadual de Feira de Santana, em associação com o Herbário do Centro de Pesquisas do Cacau e a Universidade Estadual de Santa Cruz e outras instituições nacionais e internacionais, a partir de 1998, iniciaram o desenvolvimento da Flora da Bahia, na tentativa de aumentar o conhecimento sobre a flora da região. Coletas em todas as regiões do Estado têm sido intensificadas desde esse período, ampliando o acervo dos herbários das instituições envolvidas, assim como tem subsidiado a formação de taxonomistas em vários grupos de plantas. O presente projeto tem como objetivo principal dar continuidade a essas ações, através da publicação na revista Sitientibus Série Ciências Biológicas da UEFS, de monografias envolvendo famílias e/ou gêneros ocorrentes na Bahia.

Segundo o princípio fundamental da cladística os organismos devem ser classificados de acordo com as suas relações evolutivas, ou seja, as espécies devem ser classificadas de acordo com a ancestralidade comum. O processo evolutivo é um fenômeno complicado para ser estudado, principalmente quando utilizando caracteres morfológicos isolados, pois não existem caracteres independentes de sua capacidade cognitiva de percebê-los. Desta forma, o uso de sequências de DNA em hipóteses de reconstruções filogenéticas, em diferentes níveis hierárquicos, tem sido a abordagem mais amplamente empregada para auxiliar na redução de desordens taxonômicas. Caracteres moleculares podem resolver as dificuldades taxonômicas em gêneros para-polifiléticos, mas os dados morfológicos somados aos dados moleculares potencialmente irão gerar maior acurácia para inferir a circunscrição deste grupo de espécies. Determinar as relações filogenéticas entre Angiospermas fundamentadas em análises cladísticas utilizando dados moleculares e morfológicos configura o principal interesse desse projeto.